Xuxa:
uma sobrevivente
O emocionado
depoimento de Xuxa ao Fantástico fez o desejado por toda campanha de
enfrentamento ao abuso sexual de crianças e adolescentes: chegar, rapidamente e
ao mesmo tempo, ao maior número possível de pessoas, mostrando com clareza, a
dor e sofrimento sentidos diante do abuso sexual. Foi o que aconteceu. Provavelmente,
devido à notoriedade da apresentadora, milhões de pessoas assistiram a sua
declaração. O impacto produzido é inimaginável. Sem dúvida, inúmeras pessoas se
reconheceram no relato. Algumas conseguirão quebrar o silêncio e denunciar.
Outras compreenderão que, embora sabedoras de algum tipo de abuso sexual, preferiram
ignorá-lo e, ao escolher o silêncio, escolheram o lado do abusador, tornando-se,
portanto, cúmplices!
Há
dois tipos de agressores sexuais: o abusador e o molestador, com estratégias
diferentes. O abusador é mais sutil, utiliza carícias discretas, raramente é
violento, fazendo com que a criança não se sinta abusada ou mesmo que outras pessoas
notem. O molestador é mais invasivo, menos discreto, frequentemente usa a
violência.
O
abusador costuma dar atenção especial à criança, ficar íntimo e explorar sua
necessidade de afeto. Insinua, gradativa e indiretamente, assuntos sexuais, solicitando-lhe
carícias genitais ou que se submeta a elas.
A criança poderá se recusar e dizer que o denunciará. O abusador, então,
a ameaçará. Por não saber o que fazer, ela ficará insegura e confusa. Muitos
adultos desqualificam ou negam relatos. Isto é lamentável visto estudos
indicarem ser a reação dos adultos diante da revelação, o principal fator
responsável pelo trauma.
Os
pais precisam “APRENDER A ENSINAR” seus filhos a se protegerem de abusos
sexuais. Para se proteger a criança precisa SABER FAZER três coisas: 1. Identificar
situações de abuso e dizer NÃO; 2. Sair da situação o mais rápido possível e 3.
Imediatamente, contar para alguém.
Quando
uma criança muda seu comportamento, especialmente, com familiares, algo pode
estar acontecendo. Quando não quer mais abraçar, beijar, sentar no colo ou ir à
casa de alguém, é importante perguntar-lhe DO QUE ela não gosta em cada uma
daquelas situações. O DO QUÊ permite uma resposta mais precisa, possibilitando
a identificação de abuso sexual.
Tomara
que a dor e sofrimento mostrados por Xuxa sejam suficientes para convencer os
pais da tarefa que lhes cabe.
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