Estamos, ainda, todos perplexos, aterrorizados, comovidos.
Por quanto tempo?
O que há conosco? Aceitamos, passivamente, usar locais como aquele sem
fazer nada! Não nos preocupamos com portas de emergência, com avisos de
segurança, não gostamos de ver extintores de incêndio. Quando perguntamos por
eles e a resposta é de que “estão sendo providenciados”, o que fazemos?
Denunciamos? A maioria não o faz, pois não quer se meter em confusão!
O que faremos, de fato, tomando como ponto de partida o ocorrido em
Santa Maria?
A cada 63 dias, morre quase a mesma quantidade de pessoas da tragédia de
“Santa Maria” no Rio Grande do Sul, vitimadas pela violência!
Como não morrem todas ao mesmo tempo e no mesmo lugar, não há
perplexidade, terror e comoção. A dor fica restrita aos familiares das vítimas.
Estamos vivendo a dessensibilização ou, o que é pior, a naturalização da
violência.
Falamos que não aceitamos mais estas situações, entretanto, nada fazemos
para modificá-las. Ficamos nas palavras.
Tivemos as Diretas Já, considerado o maior movimento popular do Brasil e
conseguimos restabelecer a democracia. Em 1992, milhões de jovens com a cara
pintada de verde e amarelo e vestidos de preto, saíram às ruas, gritando por
justiça e contra a corrupção. Agora existe uma mobilização nacional na WEB, denominada
FORA,
RENAN, promovida pelo site http://www.avaaz.org/po/
para que Renan Calheiros seja afastado do Congresso Nacional. A petição já
ultrapassou 1.500.000 de assinaturas!
O que nos impede de fazer o mesmo pelo fim da violência? O que está nos
engessando? Será preciso a ocorrência de eventos como o de Santa Maria para que
a sociedade se sensibilize? Ou cada um de nós necessita ser, diretamente,
atingido pela violência para lutar contra ela?
Vivemos mergulhados na lama e na impunidade, onde o descaso com o outro
é o que prevalece. Deveríamos estar reunidos, diariamente, por todo o RS, em
grandes manifestações, bradando por justiça, contra o descaso e a impunidade.
Conscientes de que ninguém faz algo sozinho, vítimas de violência
fizeram contato com organizações e entidades da comunidade que trabalham no
apoio às vítimas, pedindo que organizassem manifestações. Nenhuma até agora aceitou!
Que o choro de dor das vítimas de violência alcance nossos ouvidos e que
o seu sofrimento toque nossas almas. Talvez isto arranque nossas amarras e nos
faça agir, imediatamente.
Caso contrário, continuaremos responsáveis pela tragédia de 27 de
janeiro de 2013 e pela ocorrência de uma “Santa Maria” a cada 63 dias no RS!
Maria Aparecida Vieira Souto - Assistente Social
Maria Aparecida Vieira Souto - Assistente Social
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